Suicidio

     Eu estou sentada no chão, estou sozinha e em volta de mim está escuro, um total breu, mas de vez em quando aparece uma luz, que faz meu coração bater algumas vezes, como não bate faz tempo, mas toda vez que surge essa luz, o ar se torna mais pesado.
     A paredes a minha volta se fecham cada vez mais, e elas falam que a culpa é minha, que chamar a atenção é o que eu quero, que deveria arranjar algo para fazer. Me sinto sufocada cada vez mais com isso, sinto meu peito arder, as lagrimas no meu rosto e me sinto muito impotente por não conseguir retribuir as coisas que aquelas luzes me fazem sentir.
     Eu só quero que acabe a dor, que as paredes parem de me sufocar, não quero decepcionar as luzes, não quero machucar ninguém... não quero mais que as pessoas me vejam como alguém querendo chamar a atenção, na realidade eu sempre quis o contrário, que ninguém prestasse atenção... que eu fosse invisível, que eu nunca existisse.
     Me sinto um peso morto, inútil, um lixo que não tem lugar pra ser jogado.
     Não quero mais atrapalhar a vida destas pessoas, não quero mais ser inútil.
     Eu tentei... eu tento ser alguém, ser “útil” mas falho miseravelmente.
     Vejo as paredes cada vez mais perto, o ar cada vez mais denso e as luzes se apagando.
     Por mais que tente as segurar a gravidade parece contra a meu favor, me puxando cada vez mais pra baixo.
     Olho envolta vendo as paredes a milímetros de mim, fecho os olhos e olho as luzes.

     “Desculpe-me, luzes, eu juro que tentei com tudo que pude”


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