O pesadelo mundial

Acordo de manhã, faço meu café, e me sento na sala ligando a TV, coloco no telejornal como faço diariamente, e o repórter diz:

“-A inflação continua...”

Resolvo desligar, pois é sempre a mesma coisa, que começa a me assombrar e perseguir. Me troco e saio de casa ao trabalho, vejo na rua, uma ambulância passar ao lado do carro, e com a sirene ligada, ela dispara mais a frente e logo não a vejo mais.

“deve ser mais um pobre coitado” penso.

Chego no meu trabalho em meu escritório, minha secretária me entrega a xicara de café, e o jornal de hoje.

“Criança sequestrada, foi achada morta hoje, enterrada na casa do vizinho” está escrito na primeira página do jornal.

Largo-o na mesa.

“Será que isso me percegue?” penso.

Faço o trabalho pendente.

Quando volto pra casa, já é noite, deito em minha cama e demoro muito, muito tempo para dormir, quando penso que estou quase pegando no sono, ouço um barulho do lado de fora, como de alguém andando. Me levanto e vou ver o que é, ligo as luzes mas não vejo ninguém, sinto uma pontada nas costas, quando me viro, tem um homem usando um capuz, e com uma faca na mão, agora suja com meu sangue. Em instantes, tudo se transforma em escuridão.

Me desperto aos gritos.

-Mamãe, papai!! – grito eu, com apenas 6 anos.

Logo meus pais aparecem assustados e me pegam nos braços.

-O que foi meu anjo? – pergunta mamãe com a voz carinhosa.

-Um pesadelo mamãe, um pesadelo... – digo e encosto minha cabeça em seu ombro.

-Não se preocupe meu filho, foi somente um pesadelo –  fala meu pai que passa sua mão em meu rosto, de leve.

-Quem dera – digo eu – quem dera, papai.

Eles me olham com ar de estranhamento, começo a me afastar deles, de uma maneira inexplicável, e acordo com bip bip do meu lado.  Eram aparelhos.

Abro meus olhos, estou num hospital, um policial aparece no quarto e me fala que fui assaltado, e levei uma facada do bandido. Me faz algumas perguntas e depois sai do quarto.

Olho na TV, passa um noticia.

“A guerra continua, e milhares de inocentes morrem”

Ai eu percebo, deste pesadelo, nunca irei acordar.